Confesso que não foi um regresso fácil. E que minutos antes do avião sair de Lisboa, ponderei ficar por terras lusas. As semanas anteriores à data de partida, tinham sido muito desgastantes.
Contudo e como em tantos outros momentos da minha vida, respirei fundo, limpei as lágrimas que teimavam em não parar de correr e sozinha embarquei, naquela que viria a ser de longe, a melhor viagem da minha vida - eternamente grata a vocês! Engraçado, tenho exatamente a mesma medida exagerada: de força / fraqueza. Sou de causas e quando me dou a algo, dou de mim tudo e quando caio é bem lá para o fundo!
Ao fim de oito horas de voo, aterramos! Até hoje garanto que aquele voo em específico duplicou as horas no ar, a sensação de nunca mais chegar a São Tomé e Príncipe foi uma constante! Ao sair do avião a magia aconteceu, o cheiro, o cheiro do ar, o cheiro a verde daquela terra, o vento suave e quente, levou logo na primeira fração de segundo todas as inquietações que tinham viajado comigo. Estar, mesmo que só ali (placa do aeroporto), por si só, conseguiu acalmar-me e soltar o meu primeiro sorriso timido na terra do Leve-Leve!
Cá fora, aguardava-me o Sipson, jovem santomense que iria ser o meu guia e que em momento oportuno irei fazer um post dedicado a si e ao seu profissionalismo. Foi com ele que fiz o meu primeiro trajeto, do aeroporto até ao hotel onde iria ficar. Durante o percurso fomos trocando as primeiras palavras e conforme iamos passando pelos lugares, ia contando ao Sipson memórias minhas vividas naqueles lugares, compreendeu naquele momento que para mim São Tomé e Príncipe tem um lugar especial no meu coração.
Após uma noite de descanso merecido, saí cedo em direção à cidade e fui andar por entre as ruas, sentir a vida, visitar lugares e amigos, ver as cores do mercado e preparar-me para iniciar o meu propósito. Ao caminhar ia ouvindo o som atribulado de uma cidade complexa, mas também ouvia os meninos a oferecerem-me "caroço", a chamarem-me " brâancaa", a despedirem-se com um "Xauêe", a pedirem Jaca e os motoqueiros de forma constante a perguntar se pretendia os seus serviços. Foi gratificante poder ter abraçado amigos e compreender que a distância, nada significa quando o sentimento é verdadeiro, o olho brilhante do meu amigo Alex, futuro geografo, ao ver que não me esqueci da sua "barra", (barra de chocolate), ficou gravada no meu coração - ohhh imagem doce, terna e pura, grata a ti Alex por me reavivares que é tão fácil sermos felizes!
O estômago foi tratado com gastronomias locais (calulu e omelete de micócó), fujo sempre que possível dos lugares óbvios, gosto mesmo é de poder provar os sabores da terra pelas mãos dos seus filhos.
Já no final do dia, a preocupação era garantir que no dia seguinte tudo estava preparado e embora pesasse o facto de saber que as condições seriam difíceis, estava como nunca, determinada a enfrentar os meus medos e fantasmas com a bravura e esperança que vive em mim. Sabia, que no dia seguinte a minha vida iria mudar, porque para onde ia e ao contrário do que muitos possam imaginar, era eu que tinha muito a aprender!
E ainda agora aventura ia começar...
Com carinho
Sandra
Comments