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Sarando Feridos - Uma Missão Sobre a Dignidade Humana

Atualizado: 23 de fev. de 2021

Em 2017 quando fui a primeira vez a São Tomé e Príncipe, conheci uma família muito especial. Hoje, olho para cada um dos membros desta família, com um carinho gigante e sinto-os como meus.


Julgo que uma força maior sempre quis que os nossos laços fossem de facto fortes, sólidos e bastante duradouros. Uma relação que cresceu dentro de um espírito de entreajuda e respeito mútuo, que permitiu que a admiração de parte a parte também crescesse.


Nesse mesmo ano (2017), sem conhecer-me de lado nenhum, o Yatha pai e marido desta família, levou-me a conhecer o trabalho que estava a desenvolver. Ainda longe da maturidade emocional e social que tenho agora, lembro-me de ter sido um dos dias mais marcantes da viagem, andamos em algumas casas, prestando algum auxílio aqui e ali e de toda aquela experiência valiosa, retive na memória uma mãe que vivia já com três filhos e outro dentro da sua barriga a crescer. Marcou-me de tal forma, que ainda hoje, tenho carinho e guardo dentro dos possíveis laços com essa família.


Os processos de mudança nunca são rápidos e o meu também não foi. Mas, sem saber explicar muito bem porquê, fui sempre acompanhando o trabalho e os desafios que o Yatha, a sua esposa e a organização iam superando, à distância e sem saberem que a minha admiração ia crescendo cada vez mais.


Há pouco mais de um ano, estava eu em São Tomé e fui convidada para acompanhar um dia de trabalho do projeto "Sarando Feridos". Poder estar presente durante o processo de assistência que este projeto presta, foi por um lado um choque, mas por outro uma das maiores aprendizagens que tive sobre o que é ser Humano!




Lembro-me com a leveza que aceitei o convite. Estava ansiosa para saber como tudo se processava, como podia eu ser útil num projeto destas caraterísticas se não tinha nem tenho, qualquer formação na área da saúde... as questões andavam em forma de looping na minha cabeça, mas, à boa maneira destemida da "Sandra" e com a curiosidade a ganhar por largos pontos ao receio do que poderia encontrar... lá fui eu, de coração aberto, viver, apenas viver mais uma experiência!


Foi mágico do inicio ao fim!!!!! O carro do Yatha estava avariado e iniciamos o percurso desta aventura de motoqueiro, foi tão giro!!! Impossível ter começado melhor! Só quem já esteve em São Tomé sabe o quanto é divertido andar de motoqueiro!


Ao primeiro ferido, já me continha para não deixar correr nem uma lágrima, e instintivamente enquanto o senhor se contorcia com dores, eu abracei-o o mais forte que consegui, humanizando a situação permitindo ao Yatha realizar a sua missão o mais tranquilo possível. Foi o primeiro. Ainda hoje consigo descrever ao pormenor onde estávamos, cada objeto, os sons e os cheiros!


O Yatha sai todos os dias, com o seu carro, de motoqueiro ou de bicicleta, não importa como, mas garanto que ele chega, todos os custos são suportados por si, que obriga a uma gestão exímia, leva consigo uma mala de primeiros socorros e vai garantir o tratamento de pessoas portadoras de feridas (grandes, infetadas e com longos anos), que vivem no limite da vulnerabilidade social, são pessoas que não conseguem realizar estes tratamentos nas unidades de saúde pública do país, por motivos vários.






Tudo é encantador neste projeto, não fosse ele um projeto de Amor e de Dignidade Humana, todos os beneficiários recebem tratamento completamente gratuito, o Yatha com o seu coração gigante, não trata só as feridas abertas e visíveis, trata também o emocional com tempo de qualidade no atendimento, através de uma escuta ativa garante aos seus doentes que naquele momento eles são o mais importante e às vezes é só isso que estas pessoas em situação frágil necessitam, outras vezes trata da barriga da família quando se apercebe que o lume não está aceso, trata o coração pela voz amiga, o abraço fraterno que dá, trata a esperança por dias melhores através da oração que realiza no final de cada tratamento!



E todo este amor só é possível chegar a quem mais precisa, através do contributo de todos. Muitas são as pessoas que fazem questão de apoiar este projeto, fazendo chegar medicação e material de enfermagem, que permite realizar os pensos com segurança e higiene, atenuar a dor dos doentes através da medicação indicada, protegendo o Yatha e a sua equipa com equipamento que lhes garanta segurança. Enfim, permitindo que a "máquina! continue a trabalhar.


O Um dia vamos juntos® acredita no valor deste projeto, acredita que o "Sarando Feridos" leva a cada Ser Humano que assiste a esperança, o carinho, o cuidado, o conhecimento, a ajuda. Já vi lindos sorrisos a saltarem cá para fora "só" porque o Yatha chegou, já pude abraçar de forma sentida todos (julgo) os beneficiários do "Sarando Feridos" e senti uma gratidão impossível de explicar por palavras, já presenciei a ginástica orçamental, material e humana que este projeto necessita para conseguir cumprir com o seu objetivo diário!


Enfim, tenho plena consciência que vale o apelo a cada consciência em ajudar este projeto!



Por acreditar no "Sarando Feridos" o Um dia vamos juntos® comprometeu-se ajudar sempre que possível. De que forma, perguntam vocês? Bem simples, através do envio de material, material urgente, material que faz a diferença entre conseguir cumprir com os objetivos diários do "Sarando Feridos" ou não! Mas sozinhos torna-se quase impossível, não temos estrutura para cumprir este desejo, afinal também nós somos muito pequeninos, pelo que é fundamental o envolvimento de todos que leem este texto e se identificam com a causa.


Neste sentido deixo o apelo para todos que possam de alguma forma contribuir comprando material em falta no projeto como por exemplo: luvas de procedimento, compressas esterilizadas e não esterilizadas, Vitamina A, Bacitracina, entre outros materiais que estão em falta!


Temos connosco uma lista atualizada de materiais e bens em rutura, assim lanço o apelo, caso seja possível o teu contributo, por favor entra em contato com o Um dia vamos juntos® prometemos que de forma célere, vamos entregar-te a listagem completa das necessidades, para que de alguma maneira possas contribuir! E como se faz para o material chegar a São Tomé e Príncipe? Deixa connosco essa parte mais "chata", que nós resolvemos! :)


Podem também entrar em contato, para obterem todas as informações que desejarem através das páginas Yatha Lima MPC STP (@mpcstp)


Contamos com a vossa colaboração!

Estamos Juntos!


Com carinho,


Sandra Monteiro

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